Caderno Literário Pragmatha
- Antonio Cabral Filho -
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Faz oito dias que saí de férias,
mas parece que há um farde
prolongando meu cansaço.
Não adianta acordar tarde,
sem ter nada pra fazer,
nem ver novos filmes,
visitar outros amigos,
ou refugiar-me numa ilha,
no meio do Solimões,
sem telefone, sem celular,
sem computador, sem televisão,
ou máquina fotográfica,
que aos olhos alucinados
do poeta forasteiro
tudo lhe parece familiar.
E a traíra, a curimatã, o dourado,
olhando-lhe lá do fundo do tacho,
com seus olhos já sem luzes,
quebram toda fantasia
dos combates virtuais.
Acho que preciso tirar férias de mim…
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